A vida é a arte dos encontros, ou desencontros. Não importa realmente como, mas de uma maneira ou de outra estamos sempre nos conectando a pessoas e nos desconectando de algumas. Já pararam para pensar em quantos seres cruzam nossos caminhos? Pode ser o vizinho passeando com o cachorro, o guarda de trânsito, o colega de trabalho no elevador, a mãe segurando o filho no banco do metrô, enfim…. possibilidades infinitas! Desses encontros aleatórios podem surgir conexões profundas e duradouras, assim como amizades fugazes que duram somente uma estação ou o tempo dos interesses em comum.
Falo isso porque já estou batendo na porta de 2017 e também já cruzei a linha dos quarenta anos. A reflexão é inevitável. Penso em tantas pessoas que passaram pela minha vida. Tão poucas que permaneceram e tantas que deixei seguir ou que me deixaram também.
A internet e sua conexão poderosa até permite que eu bisbilhote de quando em vez aqueles que já não são íntimos. Aqueles que dividiram um tempo com uma Gabriela que já não existe mais.
Dizem que morremos e renascemos constantemente e eu vejo verdade nessa afirmação. Os propósitos, as crenças, os sonhos e realidades se transformam e modificam também nossa essência.
Mudar de país e viver em um lugar longe de tudo que é familiar criou um divisor de águas na minha existência. A solidão virou a companhia constante e o sorriso do caixa do supermercado passou a ter uma importância gigante.
Parei de viver no automático e passei a ser observadora de cada segundo da minha vida, afinal tudo traz possibilidades e experiências inéditas.
Às vezes dói e outras alivia. Ser a sua própria companhia proporciona revelações que relação nenhuma poderá te trazer. Aprendemos muito com o outro, mas aprendemos ainda mais com o que o outro deixa em nós.
Agora estou de férias, em um dos lugares mais paradisíacos do planeta. A natureza vibra aqui em uma proporção assustadora! Me faz refletir, me faz aquietar e curiosamente tem me feito sonhar.
Sonho todas as noites com pessoas que já passaram pela minha vida , pessoas de quem não ouço falar faz tempo, mas que de uma certa maneira continuam vivendo em mim.
Estamos todos ao mesmo tempo dividindo esse passeio pela Terra, em um momento complicado, turbulento, com muito mais dúvidas que respostas.
Eu tenho medo, confesso. E talvez tenha até deixado meu otimismo cair da bolsa nesses meses difíceis que preencheram 2016. Porém estar aqui e sonhar com olhares e sorrisos de quem já fez parte da minha vida me fez acreditar definitivamente em algo maior. Uma espécie de conexão que ultrapassa a barreira do contato físico.
O ano novo não muda nada, apenas mais uma página virada no calendário. A mudança está na mente e no coração de cada um. 2017 chega e exige que sejamos fortes, perante a tantos obstáculos.
Próximos ou não, amigos ou não, acho que devemos apenas nos conectar e deixar viver no outro aquilo que nos falta.
Sinto muito falta de alguns e também gratidão, principalmente por todos os pedacinhos que habitam em mim, e que me fazem ser quem sou. Eles vieram de todos vocês, que um dia compartilharam o meu caminho.
Namastê e que venha 2017 com mais pontes do que muros.