Where are you from?

Engraçado, a língua, o sotaque, a cara não negam, não sou daqui. Basta eu abrir a boca para ouvir a pergunta: where are you from?

Quando digo que sou do Brasil recebo sempre um sorriso amigável. Eu realmente não tinha ideia de como o Brasil é popular mundo afora, dizer que é do Brasil te leva instantaneamente  a uma posição “cool”, bacana.

Aqui tem gente do mundo inteiro e já observei essa reação em suecos, alemães, franceses, italianos, japoneses, coreanos, salvadorenhos, colombianos, paquistaneses, afegãos, filipinos, russos, nepaleses, iraquianos, americanos…ufa, a lista é imensa!

Sempre ouço a mesma resposta, não necessariamente nessa ordem: Uau! Brasil! Que sorte, que lugar lindo, e a Copa do Mundo? Foi duro perder pra Alemanha…” Alguns mais bem informados, me perguntam qual a explicação para a horrenda crise econômica e a crescente violência. Outros, que sabem apenas do Brasil idílico me perguntam das praias e sempre, sempre, sempre do futebol!

Outro dia foi irritante. Um vietnamita ficou super bravo quando eu disse que era brasileira. Me deu uma bronca: “Como vcs conseguiram perder para Alemanha daquele jeito? Nós do Vietnã, que amamos o futebol brasileiro ficamos desesperados! Como vocês fizeram uma coisa dessas?” Eu juro que não sabia se xingava ou ria. Foi uma situação bizarra, para dizer o mínimo.

Teve também uma simpática mulher de El Salvador que só faltou me pedir um autógrafo. Segundo ela o Brasil é o lugar mais incrível do mundo, com as melhores pessoas, só porque é a terra de Ronaldinho Gaúcho, o maior craque de todos os tempos, na opinião dela.  Engraçado o poder do futebol…

Já  entre os americanos, que pouco ligam para futebol, as reações são também curiosas. Conheci ocasionalmente uns três ou quatro que viajaram ao Brasil e esses sofrem de uma paixão platônica pela nossa terra. Me convidaram para fazer churrasco na casa deles, adoram falar umas poucas palavras em português e tem um orgulho danado em mostrar que sabem a diferença entre Rio e São Paulo.

Ah o Brasil é realmente uma terra querida mundo afora, mas tão odiado internamente. Sou a última a poder reclamar dos insatisfeitos, eu era e ainda sou muito crítica em relação ao nosso desenvolvimento, sobretudo educacional e cultural. Mas não posso negar, somos vistos como um povo bonito, alegre, simpático, que come muitíssimo bem e domina a arte do futebol, além claro de passarmos a maior parte de nossas vidas deitados sob um sol maravilhoso à beira mar (quem dera…)  Penso que deve ser muito mais difícil dizer: sou do Afeganistão, sou do Irã, sou da Venezuela…. Nós temos uma imagem positiva perante o mundo, que provoca admiração, mesmo que para nós, que vivemos a realidade na pele, isso seja um tanto estereotipado.

Não se conhece uma terra, um povo, ou mesmo uma língua sem vivenciá-la. Posso dizer isso agora, com quase um ano (já!!!) de Estados Unidos. Vários dos meus (pre)conceitos foram por terra, da comida aos costumes, positiva e negativamente! Acho divertido observar o reverso da moeda, como somos vistos mundo afora…

Estar aberto para o novo é a melhor sacada da vida, e acreditem, tudo pode surpreender. E por falar em surpresas, eu descobri que o povo afegão é um dos mais lindos do mundo. Conheci um homem que poderia trabalhar em Hollywood, tamanha era  a beleza de seus traços, e antes de reclamarem, estava acompanhada do meu marido, que apesar de seu machismo brazuca, concordou comigo! 😉

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Para ilustrar: meu cantinho favorito no Brasil: Paraty! Com suas ruas de pedras, suas casinhas históricas, seu mar deslumbrante, sua cachaça e sua música popular nas rodas de samba. Tudo isso representa o que o Brasil tem de melhor e que me mata de saudades…. 😦
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Por Gabriela Albuquerque

Pois é, não é fácil se auto descrever, mas vamos lá! Brasileira, já na quarta década de vida, mãe de três meninas sensacionais e atualmente vivendo em Seattle , EUA. Arte, arte e arte. Foi o que sempre me moveu, mesmo quando eu nem tinha ainda noção disso. Sou aquela que organiza a vida com foco nas cores, formas e texturas. Os olhos, muito mais do que janelas da alma, são para mim, o meu passaporte para a vida. Olho tudo, e me motivo sempre, visualmente falando. Escrever também é um exercício diário. Uma necessidade gigante de me expressar e nada como esse aglomerado simpático de letrinhas, para fazer com que eu mesma clareie minhas ideias e pensamentos. Por isso o blog. Para escrever e compartilhar fatos, dores, delícias e experiências de uma mulher, que agora tão longe de casa, está sendo desafiada a redesenhar a própria vida! Seja bem vindo! Welcome to my thoughts....

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