Estou já há sete meses longe da minha terra brasilis, mas arrisco dizer que foram tantas descobertas que a experiência parece pesar mais que sete anos, quase sete vidas, aliás!
Primeiro foi o frio, que pareceu ornar seus dias curtos e cinzentos com todo o pânico das novidades e de todo o funcionamento de uma vida inédita para se aprender. As noites foram encurtando e chegaram as maravilhosas cores da primavera. Um pouquinho de conforto, misturado ao encantamento gerado por todas as possibilidades que se abriram, assim como as mais incríveis e diversas flores. O tempo esquentou, se iluminou e a vida pareceu finalmente se encaixar no trilho.
Agora, com o verão já chegando ao fim, abre-se espaço para um balanço mental: as férias estão terminando, as visitas já cessaram e a rotina começa mais uma vez a se rearranjar. Começou a doer! Bateu uma enorme saudades de uma vida inteira que ficou para trás e não voltará mais, a não ser em fragmentos de memórias e milhares de fotografias que hoje são mais corriqueiras e acessíveis do que o oxigênio.
Me disseram: olhe para frente e não para trás. Estou tentando, juro! Me agarrar a uma possibilidade de futuro confortável é a minha tábua de salvação, afinal se não temos o futuro idealizado sorridente à nossa frente a vida perde todo o sentido.
O difícil está em não olhar para trás, em esquecer os recortes do Instagram que teimam em deixar indeléveis um passado glorioso e perceber a cada dia que voltar não será mais possível. Aquele lugar mágico, ficou congelado na minha memória e já não existe mais.
Ser imigrante em um país com um nível de civilidade infinitamente maior que o seu lugar de origem provoca uma imensa delicia, acompanhada de uma profunda dor. Fica impossível se imaginar vivendo novamente na selva do salve-se quem puder, do jeitinho, da aparência supérflua do ter e da mediocridade cultural. Não quero mais. Não conseguiria mais.
Por outro lado, cadê o conforto de estar em casa, compartilhar piadas internas que só brasileiros serão capazes de entender, sentir cheiro de churrasco familiar e café com amizade? A civilidade do primeiro mundo cobra um preço e esse é a ausência de tudo isso.
Viver é escolha! Escolhi estar aqui e agora e só me resta olhar pra frente. O outono se aproxima e espero que assim como as folhas encontram a sua maturidade em um infinito de amarelos e laranjas, eu possa encontrar a maturidade emocional de abraçar por inteiro a minha escolha, e lidar com a saudade de um jeito menos dolorido! Que venha a nova estação….

Nossa Gabriela …lendo os seus textos , parece ser “uma luz no fim do túnel ” adorei “ficar por aqui ” … chorei, concordei, e me vi em várias situações. Me mudei p Houston c marido , filho e 2 filhos peludos., está fazendo 4 meses. Difícil não falo inglês, sempre fui independente, resolvia tudo de todos em casa ,hoje dependo p tudo do meu filho p ir a tdos lugares. Viemos p conta do emprego do marido. Agradeço os textos as experiência compartilhada ,, vou ser uma assídua visitante aqui .rs Beijos lourdes Portugal
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Que bom ouvir essas palavras Lourdes. Realmente não é fácil, mas as coisas vão aos poucos se encaixando… Não desista e seja persistente! E foque no inglês, entender a língua é fundamental para nos sentirmos mais seguras. Boa sorte!!
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Olá Gabi, tudo bem?
Descobri seu blog há pouco, quando no buscador Google, procuro experiências compartilhadas de brasileiros que imigraram para os EUA com crianças.
Em breve, iremos viver outra grande experiência. Já tivemos a oportunidade de morar na Alemanha, mas o período foi encurtado de 3 anos pela metade. Juro que voltamos ao Brasil com a triste sensação de termos perdido a chance de aproveitar mais. Mas Deus sempre tem um plano. Falando por mim, não me adaptei no retorno, e vivo me pegando comparando algumas situações entre os países (mesmo sabendo que são incomparáveis). O fato é que quando fomos para lá, meus filhos eram pequenos, tinham 4 e 2 anos, é a adaptação deles foi fenomenal.
Hoje a realidade é outra, estou imensamente feliz, em ir ao EUA, já com documentação, emprego (não seremos expatriados, mas a empresa irá nos ajudar com documentação) é a mente mais aberta. Mas….. As crianças hj, com 9 e 7, já fizeram seu círculo de amizades na escola, no condomínio, na aula de futebol, no Kumon. E eu, estou sofrendo por eles, pensando em como diminuir a frustração do choque ao se depararem apenas com inglês, em como ajuda-los na lição de casa, principalmente, pq eu mal falo inglês (quando morei na Alemanha, o pouco de inglês que sabia, passou por segundo plano, e hj quando penso em inglês, me vem alguma palavra em alemão no meio).
Estou comendo todos os blogs, Textos que encontro a respeito.
O seu blog já tem muita informação que ajuda. Obrigada,
Marília Argentino
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Fico tão feliz de poder te ajudar de alguma maneira Marília. Quando me mudei varri a internet em busca de informações e não encontrei nada…tive que desbravar tudo sozinha! Então, fique tranquila!! Na idade dos seus filhos tenho certeza que a adaptação será muito fácil….eles são pequenos ainda e nessa fase é muito melhor. Qdo vc menos esperar todos já estarão falando inglês. Boa sorte e passe sempre por aqui 🙂
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